O SAL DA TERRA E DO MAR
Eis-me aqui, abobado, a teus pés
experimentando tuas umidades
e teus âmagos.
Deito-me imóvel na tua área focal
esperando ouvir os acordes
de tuas nascentes.
Quero encontrar minhas asas
e minhas guelras
e provar o ar livre
e o vôo rasante
Fundiram-me com barro
parco e seco vindo de uma terra
sem sal.
Sem funduras fiquei árido de ti;
sem tua água, sem teus abismos,
sem tuas lagunas, sem tuas lacunas.
Teus sais
matam-me a insipidez;
teus demônios
matam-me o medo.
Deixe-me, pois, ficar
assim diante de ti,
silente e inerte,
sorvendo-te sem angústias
até eu poder voar
para o outro lado de ti
e provar o teu inferno temperado.
Mais nada desejo.