Peregrino
Acordei sem abrir os olhos,
era medo de não encontrá-la.
Então, apertei as palpebras bem forte
e te procurei por dentro de mim mesmo.
Fui direto a boca, era mais perto e certamente mais prazeroso.
Ali, senti seu sabor adocicado e levemente picante.
Em seguida subi ao nariz,
só para relembrar seu perfume com notas de canela, carvalho e champanhe.
Depois disso, corri para as mãos
e lá voltou-me a experiência sensorial de tocar suave sua pele,
até não saber a diferença entre pluma e algodão.
Também visitei os ouvidos
para sentir o timbre de sua voz falando palavras tão tuas.
Mas tudo isso ainda era pouco.
A saudade continuava a gritou dentro de mim.
Decidi seguir o eco de sua voz
e a encontrei sentada, já aos prantos,
bem ali, na porta do meu coração.