SOLTANDO O VERBO

Peço sempre a mim mesmo a compreensão para:

Sorrir quando a vontade é esganar;

Chorar quando a vontade é gargalhar,

Doar quando o certo era dizer vai se ferrar,

Fingir-se de morto, quando deveria cair fora;

Fabular-se de surdo para não escutar;

Ficar mudo para não ter que falar;

Olhar além do horizonte, para não enxergar

O que não existe é o que não se quer ver;

O belo engana a alma de quem acredita;

Nos olhos que vêem labaredas crepitam;

Assombrações só aparem para os que acreditam.

Querer o bem sem olhar a quem; com desdém?

Ouvir, ouvir e agüentar já não faz sentido;

Querer ensinar sabendo não ser ouvido;

Querer amar mesmo não sendo querido;

Mas que saco essa tal educação!

Quando queremos mandar as favas;

Acabamos por entrar na contramão.

E dizemos Deus lhe acompanhe;

E baixinho... “E o diabo que lhe carregue”;

É feio! - Quiçá prazeroso; quiçá emoção.

Rio, 03/01/2010

Feitosa dos Santos