Força estranha
No meu sentir latente soprou uma voz serena,
anunciando breve cura do meu vicio de existir,
na presença d’alguém que comigo vai repartir
meigas cores escondidas nas dobras da rotina!
A espera tardia machuca e faz supor batalhas
no encalço dele,desertos e florestas rasgando;
nos sonhos lascivos eu catav’afeto às migalhas
de teus lábios cegos,outras bocas adocicando!
Amamos só como dois sóis deitados n’entardecer,
trocand'ardentes beijos,platônicos e sigilosos,
e choramos quand’os gorjeios querem alvorecer
e nos sonhos d’amor matar os anseios carinhosos!
Em meio à bruma total dos meus sentidos oscilo
d’onde record’esse príncipe que’inda vai chegar,
mas a emoção sensual já vem minh’ alma açoitar,
neste rosal juncando aos meus pés o puro e belo!
Conheço a brasa d’olhar,a volúpia dos sorrisos,
o rio sinuoso d’intenções quase surpreendentes,
não do filme, conto, poema,arrepios deliciosos.
Vem de longe tua alma em marolas refulgentes,
muito antes do sonambular da solidão profunda
ou de se sentir azuis florescências da saudade.
Um mistério me dá um tocante e fugitivo enleio,
trazido pelo impulso doce que d’ amor me arde!
Santos-SP-16/07/2006