Antes, durante e depois

Uma tarde te vi surgir, já cansado de te esperar. Pensava com meus botões:

“mais uma vez ela não virá; deixar-se-á prender em sua rede de indecisões...”

Atrás de mim, passante, escuto uma voz a chamar meu nome, cantante:

“-João...”

Com um ar fingidamente displicente, aos pulos o meu coração, viro o rosto e te vejo: já estavas a minha frente;

Aos mais de quarenta, és ainda uma adolescente. Rosto suado, andar apressado, uma graciosa sacola posta negligentemente ao ombro.

Estava dada a partida prá nossos primeiros instantes de amor. Pareces não ter noção de como tuas atitudes me causam, ainda hoje, tanto assombro.

Antes: fiz poesia ao te conhecer, saudando a lufada de vento fresco que me trouxeste.

Durante: somente coube uma prece, aparvalhado com o imenso caudal de amor que me deste.

Depois: resta-me apenas te amar, mesmo com o risco iminente até de perder o juízo, e escrever-te laudas como estas, de modo rude, impreciso, transformando nosso cotidiano em poesia...

...e tentar, minha princesinha, explicar de que sonho meu tu vieste; tu que não é musa: és muito mais do que musa – és, também, poeta! Sois mulher, és fruto do encantamento, feita de pura magia.

Poeminha construído enquanto caminhava, a cabeça viajando ao sabor do quente sol de primavera, enquanto o lembrar de tua imagem bailava, traquina, a minha frente.

Vale do Paraíba, tarde da última Segunda-Feira de Novembro de 2009

João Bosco (Aprendiz de poeta)

Aprendiz de Poeta
Enviado por Aprendiz de Poeta em 01/12/2009
Reeditado em 02/12/2009
Código do texto: T1954127
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