Itinerário

Eu queria caminhar o quanto fosse,

Descontraído, leve, talvez pelos subúrbios,

Na periferia das grandes luzes,

Sem percepções, alheio a tudo.

Eu queria estar sob o céu,

Flutuar como papel

E rodar no carrossel,

Ouvindo de longe o tropel

De cavaleiros nas estrelas;

E quando a manhã chegasse,

Surpreendendo a madrugada

No ósculo disperso sob o sol,

Assim todo o azul que veio,

Ficou manchando os olhos dela,

Molhando os meus de fatos reais.

Mas, eu queria ser tarde em seu colapso,

Na esteira de luzes ao seu cansaço

E ao encanto dormitar com a passarada.

Ah, gostaria que não fosse quem és,

E eu não ser o que sou,

Mistura de fantasia ao pó de nada,

Enquanto tu te elevas ao imponderável

Mito, fascínio, gravado em meus versos.