OUTRA REALIDADE
OUTRA REALIDADE
Vou ficar grudada na janela,
Feito uma verde perereca,
Quando ronca a trovoada,
Sem me cansar a tua espera.
Quero ver a tua cara,
E a desculpa esfarrapada,
Que irás vomitar,
Para tentar disfarçar,
O que já sei .
Este teu caráter sem lei.
Andas esticando as pernas
E batendo as asas,
Como se fosses borboleta
És muito espoleta.
E tens fogo como cometa.
Conheço-te e tuas mutretas.
Meu coração não se engana.
Porque não somes de vez?
E me deixas em paz?
Nem falta já me faz.
Por conta de tanta mentira,
Cansei-me desta rotina.
Quero conhecer o outro ato,
Desta peça em nosso teatro.
Será o fim? Morte as flores
Do nosso jardim?
Ou o sorriso da sorte,
Trará-me as cores de novos amores?
Enquanto não vens,
O vento teima em cantar
Em meus ouvidos, ele tem outra
E eu acabo me esquecendo
Que só posso te amar
De ti nada posso esperar
Nada posso arriscar ou cobrar
Só posso pegar o que sobrar
Pois a canção do vento
Não é mentirosa
Como eu sou presunçosa
Ele tem outra, ele tem outra
Grita o vento com sua voz furiosa
Não posso me tornar curiosa
E procurar saber a verdade
A “outra” realidade sou eu.