OUTRA REALIDADE

OUTRA REALIDADE

Vou ficar grudada na janela,

Feito uma verde perereca,

Quando ronca a trovoada,

Sem me cansar a tua espera.

Quero ver a tua cara,

E a desculpa esfarrapada,

Que irás vomitar,

Para tentar disfarçar,

O que já sei .

Este teu caráter sem lei.

Andas esticando as pernas

E batendo as asas,

Como se fosses borboleta

És muito espoleta.

E tens fogo como cometa.

Conheço-te e tuas mutretas.

Meu coração não se engana.

Porque não somes de vez?

E me deixas em paz?

Nem falta já me faz.

Por conta de tanta mentira,

Cansei-me desta rotina.

Quero conhecer o outro ato,

Desta peça em nosso teatro.

Será o fim? Morte as flores

Do nosso jardim?

Ou o sorriso da sorte,

Trará-me as cores de novos amores?

Enquanto não vens,

O vento teima em cantar

Em meus ouvidos, ele tem outra

E eu acabo me esquecendo

Que só posso te amar

De ti nada posso esperar

Nada posso arriscar ou cobrar

Só posso pegar o que sobrar

Pois a canção do vento

Não é mentirosa

Como eu sou presunçosa

Ele tem outra, ele tem outra

Grita o vento com sua voz furiosa

Não posso me tornar curiosa

E procurar saber a verdade

A “outra” realidade sou eu.

Marta Kobayashi
Enviado por Marta Kobayashi em 03/11/2009
Código do texto: T1902747
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