cruzados, esquecidos, amores
A boca tragando rancores
dessas dores não vou contar
são amores
cruzados, ou não, eu vou lembrar
das paixões atravessadas, sem dores
Cortei corações e após cada fim
consegui levantar
Em cada cuidado, em cada maneira
o amor caiu, lamentavelmente, à ilusão
pregos e martelo, coração de madeira
perfurado, lhe entrou a luz, já não mais na escuridão
Traguei o desespero, sou livre por inteira
minha, só minha, para o mundo
que até então
não tinha visão
Em tantas cartas escritas
que nunca foram entregues
sonhos acabados
frases melancólicas manuscritas
aos sentimentos amarfanhados
cortados, beleza acabada
procurando para si
novos fardos
Sofrimento elementar
embriagou, a dor, já destilada
talvez, fosse o momento do amor, do mudar
deixar uma vida atravessada
"amar é da natureza, sofrer é se entregar"
e uniu, do seu corpo, cada parte despedaçada
Enfim, buscou a solidão
e, em cada instante de vida vazia
poemas errados mostraram que a vida não é um mundo vão
sentiu felicidade enquanto escrevia
frases erradas, mas nenhuma machucando meu coração
pois cada palavra escrita, era o espelho
do que sentia
Não procurou novos amores
ao peito, guardando saudades
escondendo cada uma das dores
não apareceram mais, encontrando a felicidade
com a boca tragando sabores
O tempo passou
mas, para ser feliz
ou infeliz
não existe
idade