BONS MOMENTOS
BONS MOMENTOS
O amanhecer nem sempre é leve.
Mesmo em estado de graça,
sobram pecados além dos sentidos.
Os músculos guardam os espasmos da noite
e a sensação de orvalho a escorrer pelos poros
traz a embriaguez do olho que,
de tão lúbrico,
pede licença às pálpebras
para sonhar os arrulhos da véspera.
Os bons momentos são borboletas:
de vida curta e uma cor inesquecível...
Tendo vivido alguns desses instantes,
é possível acariciar as ausências
com a suavidade de um beijo no olhar
e, na resistência do tempo,
embalar o pôr-do-sol
como quem se desprendeu das nuvens
e pousou.
Basilina Pereira