Amor de Perdição

Cala-te peito insano

Que insiste em suspirar em vão

Nas noites tenebrosas

De solidão que invade a alma.

Alma! Como se ainda

Houvesse algo puro em mim.

Morte, leva-me deste martírio.

Deste penar insensato

Por caminhos errantes...

Cala-te boca,

Que não se cansa de pronunciar devaneios tolos.

Amaria-te,

Até que a ultima gota de sangue

Circulasse em minhas veias.

Exploda, coração inútil,

Pois teu amor em fogo e brasa

se consome num segundo.

E dissolva-se,

sombra fosca refletida,

Nos cacos do espelho.

Meus olhos perfurados,

Se enternecem com lembranças tuas.

Enlouquece-me,

Tua voz ecoando no vazio

E tortura-me o silêncio

Nas palavras tuas.

Que apaguem-se os olhos negros

Que vagam na luz fosca

De meu ultimo suspiro...

Coração, arranquei-te

do peito sem piedade alguma.

Tens me torturado como um prisioneiro.

Meu anjo,

Olhei-te nos olhos em chamas

E perdi-me nas trevas do teu olhar.

Adeus! Disseste-me,

Como se me atirasse de um precipício.

Meus pulmões imploram por ar,

Mas já não sei respirar sem você aqui.

Agora rondo,

Pelas trevas dissolvidas no brilho dos teus olhos.

Vem morte!

Arranca-me a vida

Rouba-me as lástimas e toca as feridas,

Me deixa dormir em paz.

Atravessa-me atroz espinho,

Perfura-me o corpo,

Rouba-me o sangue,

Toma-me a vida.

Afugenta de mim esse amor.

Calem-se inocentes infâmias de meu peito angustiado,

Emudeçam num suspiro incerto.

E que se finde a dor

Quando se findar a vida.

Fechem-se olhos mortos,

E esqueçam-se num breve instante

Do triste anjo que queimou-me o coração.

Ouça o meu grito desesperado

E se compadeça da dor

Que não querem ouvir.

Não vê, que ainda vive aqui dentro

Pulsando em cada batida

Do meu triste coração?

E assim como morrem as flores,

Morre tudo o que cultivo em mim.

Odeio-te! Por quê tanto me faz amar-te?

Que escorra de minhas veias dilaceradas

Sangue impuro,

E aqueça meu coração frio.

Jorre de meu peito estraçalhado,

Torrente de lágrimas e sangue.

Abracei-te, nossos corações batiam sincronizados,

Nossas almas completavam-se no vazio.

Leva-me morte!

Espero amor que saibas,

Já não vivo sem ti.

Deixaste-me uma rosa despetalada

Numa imensidão de sangue.

Não há sentido pra continuar, não há.

Implorei-te de joelhos,

Gritei até arrebentar minhas cordas vocais,

Mas as palavras soam mudas,

Você já não pode ouvi-las.

Estou morrendo!

E que a chuva lave minhas lágrimas,

Que o vento apague meus soluços.

Deixo tudo para trás,

Meras lembranças esquecidas,

Retratos de uma imprestável vida

Que negaram-se a viver.

Quebre-se espelho em pedaços,

Não quero ver meus olhos vermelhos

Desmoronando com lindas memórias,

Ainda tão vivas dentro de mim.

Palavras!

Soaram como espinhos,

Seu ultimo pedido, amor.

Noites insones, se acabem!

E que se incendeiem os olhos molhados,

Que já não querem mais ver.

Chamas!

Corroam todas as memórias vagas,

As frases impensadas,

As lembranças doloridas.

Destruam-se sentimentos

imutáveis de dentro de mim.

Libertem-se das entranhas obscuras

De meu coração partido.

Escute, meu coração soa ritmado como uma bomba,

Prestes a explodir.

Ah! Finalmente o fim disso tudo.

E agora – que as cinzas do meu amor,

Se espalhem aos maus ventos.

Carreguem pra longe essa dor,

Espalhem pro mundo as feridas,

Dispersem minhas lástimas tristes.

E que emudeça meu coração dolorido

Onde emudece este poema.

Marina Dalmass
Enviado por Marina Dalmass em 18/10/2009
Código do texto: T1873411