Tateando estrelas

I

Olha-me nos olhos, não mais que um instante – fugaz.

Não titubeias, alheia, baixas o enevoado olhar – me busca

A tua boca, tão louca, me prova, renova, do mundo me ofusca

Esse beijar diferente, mais quente, outro beijo - mais doce me traz.

II

Com teu beijo guardado, teu corpo arqueado, cabelos molhados

Em galope sem rumo, já não há mais aprumo; nos pomos na estrada

À guisa de música, teus gemidos contidos, loucos, varridos, varam a madrugada.

Tua boca de novo, minha boca procura, ocultas estrelas em teus olhos cerrados.

III

Sem muito pudor, pois não o cabe no amor, em tuas rosas me embrenho.

Sôfrego as tomo, de modo mui rude, abro mão da virtude, sou Fauno agora.

Dispo as vestes do Monge, mando-o prá bem longe – é amar sem demora.

IV

Dioniso – este Deus tão conciso – nunca soube esperar.

Das alturas do Olimpo, as loucuras na Terra ele vem fomentar

Com sua flecha certeira. Tu me dizes – arteira: não pare! Muito mais prá dar inda tenho.

A visão das terras de São Paulo, logo depois da divisa do estado do Rio de Janeiro, traz-me uma imensa sensação de paz, um segundo chão a amparar os meus passos nômades, de filho pródigo em retorno prá casa.

Vale do Paraíba, manhã de Quinta-Feira. Novembro de 2008

João Bosco

Aprendiz de Poeta
Enviado por Aprendiz de Poeta em 12/10/2009
Código do texto: T1861200
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