Braços Meus

II

"– O vento ulula e chora... - Satã, onde a puseste?

Maldição! maldição! Que incubo a fanou já?

Quem amar agora - A pálida Celeste

Meu pobre coração... Ei-la no meu Sabá."

Alphonsus de Guimaraens

Quando a conheci era um convalescente

E ela estava definhando na vida.

A via todo dia, sorridente

(Escondendo uma chaga há muito enegrecida).

Eu, a cada novo nascimento da manhã,

Me sentia mais vívido e disposto a viver.

Ela, a cada nova noite de reza vã,

Perdia as forças e desejava logo morrer.

Desse tempo em que a memória ainda me fascina,

Vejo aquele rosto pálido e melancólico

Exibindo um frágil sorriso de menina.

Oh! Saudades daquele período bucólico...

E quando a conheci era primavera até;

As flores emanavam eflúvio e cores

Exuberantes. Eu nutria fé,

Mas ela se prendia em insanáveis dores.

Envolto nas vagas indecisões

A tive em braços meus.

As únicas palavras ditas por nossos corações

Foram: Adeus, adeus!

28/04/2008

Marcell Diniz
Enviado por Marcell Diniz em 07/10/2009
Reeditado em 23/10/2009
Código do texto: T1852610
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