Colina do Sol
Ah, como eu quero me perder nessas colinas
De verdades afloradas em corpos nus,
De pés descalços pisando suas areias,
De tanto encanto envolvido em brilho e luz
Nas florestas de cores vivas, femininas,
Que escondem boitatás, sacís, botos e sereias
Cujo canto irresistível me seduz...
E entre os seixos e água cristalina
Do riacho vou sentar-me à beira
Bem distante dos olhares da malícia
E depois entrar nu na cachoeira...
Só vestir-me com o sol, quanta delícia!
E despido de quaisquer falsos pudores
Tendo o corpo acariciado pelo vento,
Deitar no solo, ao calor dos mil amores
De que tanta natureza me abastece,
Nos tons de um fulgurante dia que anoitece
E a alma nua faz vibrar, com tantas cores.
E fazer das suas águas o meu sangue...
E fazer de sua terra minha carne...
E fazer desse seu ar esse alimento
Que me adentra o coração e então me acalma,
Colocando-me no exílio do restante do planeta
E guardando no seu seio a minha paz e a minha alma!