DANÇARINA FLAMENCA
Chama cambiante,
salamandra irrequieta,
vulto-sopro sensual
a desferir laminas & volúpias
costurados em vestido,
seda carmim
bela dançarina flamenca,
sapateias na voraz ilusão de possuir-te,
sou teu emudecido espectador
teu enternecido camponês madrilenho
na viril multidão estupefacta,
petrificada
alma ferina, charme provocante,
meneios e requebros asfixiantes
ritmo vigoroso, estonteante
olhares fulminantes de desprezo,
hipnose
num enlear-se apaixonante
partiste meu coração ao meio
e fizestes dele
castanholas escarlates
a produzir musicalidade vigorosa,
causticante n’alma
és palpitante rosa vermelha, cálida
dardejando nos sentidos
tuas pétalas de fogo
qual revoada
de pássaros incendiados
tua presença embevece,
engolfa-me em delirius & devaneios
na maviosa sonoridade
que enfeitiça cravos imprestáveis,
touros indomáveis,
da arena milenar
dos confins da Andaluzia.
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