Ave, Lilith! Os que vivem no amor te saúdam.
I
Longas noites, sem sonhos, em claro, a tua falta me fez
Sem o teu cheiro, tua pele, teus beijos - a vida perdeu a cor.
Como um rodamoinho torturante, arrastando-me de vez.
Árvore cortada, solta na correnteza, buscando o porto do amor.
II
Sorvetes, castanhas, outras iguarias, o sonho de verão me traz,
Deliciosas, encantadoras, sensuais – ofertas vindas do Paraíso.
Tu, a melhor delas – frágil, além de mulher - linda por demais.
Eu te revejo - te abraço; tu me premias – afoga-me em teu sorriso.
III
Duas somas de saudade, acrescidas de sede, paixão: desejo de Liberdade
Não tem vez aqui a transição; brutal, imperiosa - prevalece a Vontade.
Perséfone fugida de Hades; rebela-se - vive, usufrui – afronta o inimigo.
IV
Haure com força, sedenta, faminta; quebrando grilhões, arrostando perigos.
Sorri soberana, obnublando o tormento; vivenciando o momento: de forma plena.
Sente-se humana, sabe-se deusa, pois transmuta o divino em sua alma terrena.
Soneto que não respeita a justa forma, antes revela o modo de agir da paixão: aos borbotões. Escrito em uma Segunda-Feira, após uma torrencial chuva em uma Primavera que se quer - urgente - Verão
Vale do Paraíba, Outubro de 2008
João Bosco