QUIS, MAS...
Quis ser teu,
você não quis ser minha,
apesar da recusa continuei
alimentando minhas esperanças.
Muitas luas se passaram
em noites claras e escuras,
mesmo assim crescia dentro
de mim o desejo de possuí-la.
Construíram, não sei por quem,
um muro entre nós, sobre o qual
e mesmo escondido, a contemplava
com tudo o que amava.
De nada valeu, nada surtiu
efeito e no anonimato te amei
com meus lábios comprimindo os
teus nos insuportáveis devaneios meus.
Cometi mil e uma peripécias para
chamar tua atenção, enviei caixas
contendo flores, e até serenata fiz
debaixo de tua janela. Nada deu certo.
Ainda hoje guardo os bilhetes
apaixonados como os manuscritos
de um sentimento primeiro, que
comprovem meus cabelos grisalhos
como a saudade de tantos anos.
Se chegar a tomar conhecimento desta
minha confissão e desejar integrar-se
para desafogar um coração, pode entrar,
sua cadeira continua vazia.