TEMPESTADE DE AMOR

Eu não fugi da nau na tempestade.

Súbita coragem, sequer hesitei.

Não me esquivei, segui em frente

- total ausência do medo.

Os raios de teu olhar despertando-me carências no corpo.

Não era olhar de ternura, mas pleno em loucura e desejo.

Em meu sôfrego desejo de não afogar na solidão, depus as armas.

Deixei-me acorrentar, dei-te o meu corpo.

Não me acorrentastes com grilhões de ferro.

Preferistes ter-me prisioneira de ti, quando em tua investida

nada indaguei e nada pedistes.

Tuas ávidas mãos levaram meu corpo ao encontro do teu.

Ah! Ainda recordo meu corpo em tua cama...

Tuas mãos fortes e hábeis explorando-me as curvas,

sem pedir licença.

Não havia murmúrio ou gemido,

apenas silêncio de bocas seladas num beijo.

O peso do teu corpo sobre o meu.

Tuas mãos, a volúpia de teus desejos

fazendo-me escrava de tuas vontades.

Indefesa, o vi desnudar meu corpo,

e tua boca sedenta explorou-me

da boca ao colo, do colo aos seios,

e dos seios à loucura...

Em meio à loucura queria prever o que viria depois

- louca tempestade dos teus desejos...

Fiz-me entrega plena, sem receios.

Não havia medo, somente o silêncio.

Não havia cumplicidade,

somente perplexidade e gozo.

Maria de Fatima Delfina de Moraes
Enviado por Maria de Fatima Delfina de Moraes em 10/09/2009
Código do texto: T1802727
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