TEMPESTADE DE AMOR
Eu não fugi da nau na tempestade.
Súbita coragem, sequer hesitei.
Não me esquivei, segui em frente
- total ausência do medo.
Os raios de teu olhar despertando-me carências no corpo.
Não era olhar de ternura, mas pleno em loucura e desejo.
Em meu sôfrego desejo de não afogar na solidão, depus as armas.
Deixei-me acorrentar, dei-te o meu corpo.
Não me acorrentastes com grilhões de ferro.
Preferistes ter-me prisioneira de ti, quando em tua investida
nada indaguei e nada pedistes.
Tuas ávidas mãos levaram meu corpo ao encontro do teu.
Ah! Ainda recordo meu corpo em tua cama...
Tuas mãos fortes e hábeis explorando-me as curvas,
sem pedir licença.
Não havia murmúrio ou gemido,
apenas silêncio de bocas seladas num beijo.
O peso do teu corpo sobre o meu.
Tuas mãos, a volúpia de teus desejos
fazendo-me escrava de tuas vontades.
Indefesa, o vi desnudar meu corpo,
e tua boca sedenta explorou-me
da boca ao colo, do colo aos seios,
e dos seios à loucura...
Em meio à loucura queria prever o que viria depois
- louca tempestade dos teus desejos...
Fiz-me entrega plena, sem receios.
Não havia medo, somente o silêncio.
Não havia cumplicidade,
somente perplexidade e gozo.