Bicho da seda
Bicho da seda
Venho aduzir minha alma subtil
Para que não haja sofismas
Em júbilo te digo: és capcioso, gentil
E tens até charme, um certo carisma.
Porém saibas que essa dama exigente
Não se entrega às vãs promessas
Preciso de fantasia e paixão ardentes
De alguém que me ame sem pressa.
Quero enredar –me sou bicho da seda,
Anafaia a ser trabalhada, pele macia
Pensa o que me vai abaixo da saia, labareda
Tu precisas ter trato lhano e muita cortesia.
Pra que ocorra a metamorfose, o imago
A tornar-me mulher de voos indeléveis
Tu terás que começar com mil afagos
Mãos atrevidas e beijos ávidos, memoráveis
Sussurros desconexos, a arrepiar-me os pelos
Passear pelo meu corpo moreno como turista
Sorver meu gosto de amora com desvelos
Embriagado de desejo quem sabe me conquistas!