Amor Imprudente
A noite é um braço divino que me consola
Gentil, mas bruta e que me assola
Sobre o travesseiro de estrelas derramo minha fronte
Meus lábios com sede. Sua boca a fonte!
Sobre um colchão de pedras em brasas
Deito este corpo de sangue fervente, de veias bravas
Um amor imprudente
De uma queda iminente
Meus lábios em febre, tão mudos agora!
Sussurra teu nome do crepúsculo a aurora
Tamanho é o desespero dessa alma aflita
Que inconsciente, por teu corpo grita
Nesta luta diária me entrego cansada
De querer, sem poder, por ti ser amada
Um amor imprudente
De uma queda iminente
Volúpias, desejos, sofreguidão
Seu ar que me falta na escuridão
Minhas mãos eloqüentes por mim passeiam
Loucas, frágeis, as tuas anseiam
Gemidos, angústias, tremores
Sentimentos avassaladores
Um amor imprudente
De uma queda iminente
A lua quieta é quem me socorre
Até o sol raiar, quando triste, a noite morre
E o meu coração por sonhos, consolado
Sossega também meu corpo ainda quente, mas cansado
No término da noite, raiando o dia
Cerro meus olhos, cessa a agonia
Não me culpe, caro leitor
Se falo que sofro sentindo amor
Mas sou muito sábia e digo com razão
Quando digo que sofro por antecipação
Pois o amor que sinto é imprudente
E minha queda... Iminente!