AMOR DE OUTONO
José António Gonçalves
para a Gilda, sempre
Esperei por ti, numa tarde de Outono
entre o silêncio e o amor calado.
Não havia pássaros nas árvores verdes
e tu sorrias, na memória dos sonhos por contar.
Hoje penso nas palavras, nas coisas infantis
que as ideias mataram com as folhas caindo.
Havia uma ilha, mar à volta dos velhos
e uma luz, ao longe, onde o Sol não podia chegar.
Amanhã será impossível acordar, junto das mãos
que não conheceram a Lua afagada pelo amor.
JAG
(in "Aventura na Casa dos Livros",
Colecção Cadernos Ilha, nº.10,
Capa de Maurício Fernandes,
Editorial Correio da Madeira, 2000)