Testamento

É claro que eu vou morrer de amor

É certo como o próximo amanhecer

É seguro como a última nota do cantor

É justo como o inevitável florescer

Conheci o amor cedo demais

Amei demais

Sem pudor

Sem temor

Sem nenhum pé atrás

Sim, eu amei demais

Os terremotos da paixão

Conheci-os todos

Devastaram-me

Assolaram-me

E sobrevivi à destruição

Quando terminava a reconstrução

Nova paixão

Nova ilusão

Velha desilusão

Que lição difícil de compreender

De assimilar

De aceitar

De aprender ....

Vi a minha morte de perto e a desafiei

Fiz caretas, caçoei

Fiz sinais obscenos, desatinei

Quis muito ir com ela, desafinei

Vi Deus , como poucos viram

Em sua face mais doce, eu O vi

Com sua voz mais clara, eu O ouvi

Com seu toque mais suave, eu O senti

Tudo isso através do amor

Louco

Insano

Rasgado

Declarado

Escancarado

Só assim eu sei amar

Por inteiro

Com todos os órgãos a clamar

O dia inteiro

Minha alma precisa penetrar

Precisa se fundir

Precisa se misturar

Precisa se diluir

Só assim ela não perde sua identidade

Sua sobriedade

Sua solenidade

Sua santidade

Sem dúvida , quando amo, sou bem melhor

Bem maior

Que bom que o Amor bateu à minha porta novamente

Entrou e ficou

Obrigado meu Deus pelo dom

De morrer de amor e Ressuscitar

De Amar e Amar e Amar e Amar ....

Claudio Poeta
Enviado por Claudio Poeta em 16/07/2009
Código do texto: T1702204