DE QUE ADIANTA
De que adianta esperar o dia passar se
amanhã o tempo revelará um outro, e até lá será
visível mais uma noite envolta em um manto escuro,
escondendo fugas, desamores e um mundo de mentiras...
De que adianta esperar, o sol será o mesmo
e todos correndo de um lado para outro, uns
enfrentando desilusões, outros se prostrando
diante da solidão assim como eu.
De que adianta esperar se nada haverá de
novo, os relógios continuarão em seu ritmo
desenfreado, exibindo com toda a soberania
amores desfeitos e muitos desenganos...
De que adianta esperar se a noite também
chegará com toda a sua comitiva de estrelas,
quem sabe até com neblina espargindo
orvalho pela cidade, igual às flores que
difundem seu olor sem artificialismo...
De que adianta se não vou desfazer-me de
minhas lembranças, se minha esperança
passou a ser um indumento utilizado por
todos aqueles que são acolhidos pelo tédio.
E depois, de que adianta se lamentar se
não haverá quem se preocupe com um
desconhecido, se um dia alguém que pode e acabou
por desdenhar um sentimento profundo?