Urgência desconhecida
A casa está vazia, quase estéril.
Lá fora, no alto, o universo parece cheio e nefasto.
O barulho dos carros pela janela não dizem nada.
Nem o brilho das estrelas iluminam por aqui.
O mundo parece decorado de saudade.
Por isso, fico de olhos fechados sempre.
Não nego a visão, mas assim é mais fácil imaginar.
É o velho dever de sonhar.
Compor músicas mudas e pintar quadros invisíveis.
O som da rua não me incomoda.
O luar também não perturba.
Mas a saudade de amar, sim.
Ela rouba-me o sono e o entrega a virtude do desejo.
Vontade de conhecer aquele olhar desconhecido,
ou aquela voz ainda silenciosa.
São as promessas de abraço, apenas um e demorado.
Tiago Cabreira