Antes de ti...
Antes de ti....
Antes de ti havia o vazio imperceptível
Uma ausência, um não sei o que ansioso
Querendo expandir e tornar-se exeqüível
Um corpo feminino meramente belicoso.
Antes de ti havia a poesia e tauxia embutidas
O belo a esperar pelo esplendor do sentir
Remindo desejos e a debalde expectativas
De mãos artesãs a talhar um rosto porvir.
Antes de ti as folhas eram simples transeuntes
Caídas num outono constante, ia-se a vida
Primaveras distantes e rosas em defluires
A manar lágrimas por estarem esquecidas.
Antes de ti o céu não vivia cravejado de azul
Estrelas tristes ao redor da lua fria e pálida
O flux não matizava a íris, negror e paul.
Sem norte, sem sul, simplesmente belida.
Antes de ti o lenho santo jazia no cume
Sem esperanças, abandonado pelos crentes
Despidos de dogmas, sem cálice e lume
Que poderiam vicejar sobre o querer abstinente.
Antes de ti meus ossos eram apenas esqueleto
Sem carne palpável, sem circulação ativa
O sangue vermelho e quente...Incompleto
A transitar em meu coração sem expectativas.
Antes de ti eu não era mulher de concepção
Havia sombra e solidão, augúrio longínquo
O paraíso inda era inferno, faltava excitação
Os anjos escondiam-se além, num recuo.
Antes de ti eu não era ninguém, existia apenas
Sem saber que o amor é dádiva, é um duo, um par
E minha alma sabe que posso ser de ti a camena
Uma dama nascida para eternamente te amar!