VÍCIO SUPREMO

Eu te amo.

Estou irremediavelmente apaixonado.

Eu te amo e não sei o que fazer com esse sentimento.

Tudo tão intrigante! Tudo tão sacrossanto! Tudo tão simples:

- Amar.

Sinto o Universo cabendo dentro da mais ingênua declaração de amor:

- Eu te amo! É ou não é um Universo?

Nem mais consigo comer. Pensar em ti me sustenta.

Estou sólido. Colunas gregas: Dórica, Jônica e Coríntia.

Nem mais consigo dormir. Sonho acordado.

Estou viajando. Sonhos muitos: lúcidos, místicos, canalhas...

Vivo embriagado de ti. Sou boêmio de ti e tu és meu vício supremo.

Enquanto me embriago com tuas formas límpidas

vou decifrando a fórmula de um novo perfume,

o perfume de tua insubstituível presença.

Juntos construímos, em meus novos limites,

vitrais, altares, paramentos, flores, sinos...

...enquanto isso te ofereço preces, dádivas, horas, eternidades...

O amor me torna frágil...

...e frágil me ponho a te amar mais ainda

porque, preciosa, tu te tornas minha mais precisa precisão.

Te amar é o Universo todo

contido na mais pequenina declaração de amor:

- Eu te amo! Nada mais se faz necessário sentir.

Há nisso um templo e um tempo que só nós dois podemos entender.