Não Negue
E quem vai negar o flamejar dos nossos olhos quando nos cruzamos no corredor?
O mesmo fogo de palha aceso, queimado, ardido e apagado por falta de combustão.
Não, não negue!
Eu vi teus olhos acompanhando meu andar por mais uma vez
Eu vi no reflexo da tua alma o mesmo velho desejo.
Uma flamejante ânsia, fúria...
Talvez mais uma de tuas volúpias.
Cruzamo-nos em meio a farpas de uma dor solúvel
Diluída em copos de vinho, em uma mesa de velas existente no pairar de um sorriso...
Num sonhar desigual.
Ah! Não negue!
Nem pudera negar...
Sorrimos desconcertadamente em meio a mais um ensejo, este de um sorrir sem boca, sem alma...
De almas entrelaçadas por um pecado carnal sem fim
Um suspiro de adeus momentâneo que nos faz ir desconcertados pelo corredor
O mesmo que nos faz voltar e saciar-nos num doce beijo perdido por nossas faces,
Num breve olhar lascivo bramindo por dentro de nós.
Não negue, não minta!
As nossas mãos se perdem inexoravelmente num brusco toque corrido, indeciso.
No mesmo enlace.
Por dias, dias, dias...