ELOGIO DOS TEUS SEIOS
Este poema é de Belém do Para, entre 1960/1962. Eu teria meus quarenta. A amada, se muito 18. Não o vejo em nenhum dos livros. Perdeu-se?
A leitura, agora, de um poema com esse título, arranca-o do recanto dos escondios cerebrais. Coisa extraordinária o cérebro. Não vou garantir que o encontro inteiro. Sirva-me como lição, só agora, aos 86 anos, de que os escondidos da mente humana são insondáveis e são extraorinários. Nota de 22 de maio de 2006:
Teus seios são dois poemas
de perfeição infita.
Dois diamantes, duas gemas,
ouro de lei em pepita.
Perfeição da natureza
entre o roxo e rosicler.
Nunca vi tanta beleza
noutos seios de mulher.
Ao toca-los com os dedos
têm um frêmito supino
de que não guardas segredos
- são cordas de violino
Duas pérolas divinas
para enfeitar o teu colo...
Sazonadas tangerinas
para os lábios de um Apolo!
Deus nos levasse ao Eterno
com eles ao nosso gozo...
Purgatório, céu, inferno,
nada importa ao amoroso.
Bastava que a nossa idade
não se passasse ao depois...
Que Deus, que a Eternidade
rolassem sobre nós dois...
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