UM PRAZER DESDE CRIANÇA

Corredeiras pequeninas, de trilhas esverdeadas,

Sobre os lajedos porosos, essas marcas se viam

A água cristalina corria, sobre esse leito marcado,

O tempo deixava as marcas, eu ficava admirado,

Sobre a pedra sentava e meus olhos se enchiam.

Vislumbrava o caminho, sob as plantas aquáticas,

O serpentear das águas, na vastidão do baixio.

Libélulas banhando a cauda, borboleta a encantar

A visão de quem chegasse pra lindeza admirar,

Uma beleza de encontro: água do córrego a do rio.

Passava horas, em criança, fazendo contemplação,

De tudo que a natureza, para nosso deleite criou.

Quem vem das entranhas da terra, jamais esquece,

Um corpo de alma verde, não seca e não se despe,

E sempre sente saudades da mãe terra que o criou.

Lá no sopé da colina, não há tempo para a tristeza,

Ouvem-se cantos dos pássaros, no alto da gameleira,

Beijam flores no mulungu, sanhaços sob o cajueiro,

Canários trinando altos, rouxinois no alto do coqueiro,

No arrozal coleirinhas e patativas, sabiá na laranjeira.

O sol ia declinando por detrás das verdes matas,

Uma penumbra vinha chegando era preciso eu voltar.

As formigas regressavam da labuta aos formigueiros,

E pássaros alvoroçavam-se, procurando seus poleiros,

Minha alma renovada, para casa já podia regressar.

Rio, 22/05/2009 - INCL

Feitosa dos Santos