TUAS CURVAS
Da penumbra que esconde a luz,
surge minha mão-veludo
a viajar por esse teu corpo de serras.
Abismos perigosos. Fogosos cantos.
Teus montes. Tuas curvas.
Então, turvas a visão e ranges.
Ou finges.
Tinges de rajado o olhar amante.
Viras uma serpente, que contorce,
ziguezagueando por entre lençóis de cetim.
Deslizas sobre mim, buscando o sabor
de perfume e sal..
Respirando odores, inspiras amor querubim.
E cavalgo em ti, potranca indomável.
E me arranhas todo, gata adorável.
Anuncio um orgasmo e tu, no cio,
uivas como uma arara, gritas como uma loba
e arranjas cara de boba
pra disfarçar tua tara.
Mas...teu prazer vem fumegante
e descarrilhas vagão por vagão.
Eu, foguista do teu trem, a todo vapor,
mantenho a chama acesa.
Meu bem.