colheita
Sinto o vento disfarçando o manto
estendendo ao pranto, o meu oculto lamento.
Oculto e silencioso,
Adubo a terra com minhas lágrimas,
semeio e fertilizo o prado com minha dor
e a extensão das terras devastadas, então amadas,
invadem os rios e as moradas,como queimadas.
E as pedras?
cintilam estas, entre as cercas de um muro neutro e indivisível.
Qual sentimento é mais crescente,
que o divino amor?
Qual árida terra semeada, fértil prospera em cânticos?
E a colheita é farta
abundante de felicidade e ternura.
Terra seca,coração em prantos.
Não há dor mais acirrada,
nem vazio intolerante
que a vastidão da mágoa de um amor
intinerante.
Só quem deixou na estrada, sabe o quanto.
Quanto dói a alma
seca, consumida de espinhos.
E o lavrador enfim, dominado e sem domínio.
Desiste.
Minha terra tem sementes, que fertlizam.
Meu arado nela recomponha
a hora da espera.
Que a chuva encerre nela, vida de próspera realidade.
Há de crescer nesta terra
um bem precioso.
Guardado em outras terras, o meu trigo generoso.
Semeio então de coragem
a espera do sol da Primavera.
Meu amor não sei onde, cultiva e gera.
Hei de amar então a terra que em algum lugar existe.
Meu amor não tem nome.
Mas tenho o sussurro no ouvido.
Quero colher de brilho em minha fonte
o amor que ainda existe.
Eu então encerro o meu domínio,
e espero o seu adubo
para florir no tempo certo
do meu coração precioso.
Amarei um dia uma extensão de mim
terra límpida de fartos grãos.
E seremos então mais que botões
em uma imensidão .