Amor Transiente
I. O Momento:
Transiente é o momento,
Magro, o aprender.
Breve lapso, o instante,
Muito dá-se ao perder.
Nada passa mais rápido,
Que a acolhida da amante.
Pouco se faz o dia,
Em seus braços macios.
Lassidão e aconchego,
De beijos e abraços,
A vida é boa, inda que breve.
II. O Distanciamento:
Enquanto transitas
Por teu tempo e circunstâncias,
Eu, daqui observo atentamente
Tuas circunvoluções:
Caminhos que fazes em torno do dia,
Que pareces pouco perceber.
Gastas teu tempo sendo
Compenetradamente ocupada.
Nada há que distraia
Tua rotina absorta e eficaz.
Pouco te dá se os planos,
Que descuidadamente traças,
Excluam minha presença.
Há muito o que fazer com o futuro,
Nele cabem vidas e sonhos,
Distantes certezas,
Que tuas mãos atarefadas
Já tecem entre teus dedos
Delicados e ocupados.
E se já segues teu caminho,
Eu, daqui sentado
À beira da estrada
Sorrio ao te ver passar.
Resoluta, já sabes
O que ainda busco,
Porque dentro de ti pulsa
A certeza da antiga força,
Que te impele e move.
É o que devemos fazer,
E mesmo assim, não o faço.
Resisto em vão como uma rocha
É contra o tempo,
Rebeldia inútil e triunfal,
Alegria recolhida no fracasso;
Fazendo o jogo das impossibilidades.
Obscuro é o dia do descontentamento.