Infeliz capacidade de amar

Dos piores sentimentos, o amor é o rei.

Maldita cobra peçonhenta!

Que chega de leve e, sutilmente se entranha e se entrelaça,

No coração.

E quando menos se espera, ela ataca.

E com voracidade!

Que destrói, e consome, e se alimenta,

Da distância.

Que se fortalece, e que enlouquece,

E que se esquece da distância,

Na presença.

Que arrebata, e maltrata, e destrata, e amarra,

E ilude, e desilude, e felicita, e confunde,

Na constância.

E que cega e ensurdece, e estraga e apodrece,

E que difama, e desmente,

A razão.

Maldita razão!

Que entende, mas não aceita, e desacredita e rejeita,

A capacidade humana do coração.

Triste coração,

Que entristece, e se enfurece, e paralisa, e analisa,

Que não há mais saída.

E se maltrata, e se mata, e sangra e morre,

E se não morre.

Mata o outro que foi afetado,

Para sobreviver.

Sobrevivência da maldita cobra,

Que não morre e deixa lembranças,

Que se lembra e novamente ataca,

Os corações desprotegidos,

Que ainda acreditam,

Que mente, alma e corpo são um só.

Ykarus
Enviado por Ykarus em 27/03/2009
Código do texto: T1508715
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