Cicatriz
Pode-se saber quantas vezes
conseguimos dizer adeus
quantas despedidas suporta
a parte, repartida de um coração
Quantas outras vezes pode-se
esperar consolo, aceitação
estancar o sangue ainda quente
no peito apertado e dolorido
Tantas quantas serão outras
em que a cauterização cura
mesmo ainda em tanta ardência,
apieda-se do desenho da cicatriz
Depois, em que tempo o olhar
se levanta, busca em volta
um outro riso, um outro brilho
testemunhas da alma que sarou.
m.raposo*