TERESA
Teresa, um encanto!
Para acariciar-lhe os seios,
as minhas mãos em concha.
As minhas mãos de amor,
as minhas mãos de santo.
As minhas mãos e os lábios,
todo meu sentido,
todo eu, todo o meu todo
para viver-lhe o corpo,
a maciez da pele,
as vibrações da alma.
Teresa...
Um encanto!
Um céu...
Um sol de vida, um céu,
mil tentações de inferno!
Teresa, minha doce, e terna, e meiga,
e quente fantasia de amor...
Um sonho só,
não mais que um sonho!*
*A NUDEZ DE TERESA
Tendo concorrido com o poema da página anterior, à Expoesia da CAPORI, Porto Alegre, em 1993, quando me foi remetido o quadro-ilustração - belíssimo trabalho artístico de Vera Escobar, trazia o seguinte bilhete:
"Conforme combinamos, aqui vai a Teresa, nuinha, nuinha, da Portinho para a tua parede na Bahia. Linda, não? Ivanise".
Eu respondi com este PS. "Ivanise, desde sábado, ao receber tua correspondência, enquanto respondia à carta prendeu-se-me este soneto na mente. Saiu hoje de manhãzinha.
Salvador, 02 de agosto de 1993. João"
Nuinha como Deus a pôs no mundo,
vem Teresa chegando, agora, adulta!
Sua nudez espanta, agride, insulta
a minha solidão de monge, a fundo.
Da tela na parede, cresce o vulto,
para cair, sorrindo, em minha cama...
O sentido se expande e o corpo inflama;
como um vulcão em larvas tremo e exulto!
Beijo-lhe e mordo o ventre; no mais fundo
da pureza da carne, eu a fecundo,
suspira extasiada, diz que me ama...
Torna à parede após, foge, se oculta,
meu sonho voa, acordo, e então resulta,
que me encontro sozinho em minha cama...