CORTINAS AZUIS

Ao encontro das harpas em surdina,

eu desfolhava as horas de desespero,

pela saudade do seu corpo contra a cortina.

E ao abraço sequioso pelo momento vindouro,

eu cedia aos minutos, estático, a espera.

O encontro então se fez,

arrepios em bolas de cristais, giro da esfera,

estonteante êxodo dos Deuses,

dilacerando saudades em profundos abismos.

Ao encanto tudo foi feito,

desfolhada a flor, cedida em minutos.

O feio foi belo em tons azulados.

O belo foi feio em rompantes, em acenos,

nos interrompidos beijos, febris, desolados.

Pelo chão de tapetes em desalinho,

o vago e silencioso despertar,

ao encontro cedido pelas horas

do seu corpo contra a cortina... Do céu, apenas um pedacinho.