A Vizinha
Mal-criado é este meu coração.
Sente-se feliz em me jogar nas ilusões.
Domina meu sangue, minha mão,
que se mete a escrever letras molhadas de emoções.
A mulher da vez é uma vizinha.
Linda, única. Alma pura e sensual.
É um sonho acordado. Tem um corpo moldado à linha.
Suas palavras são poesias ressitadas num sarau.
Mas, como já é de lei,
caio no buraco da dor.
A vizinha pela qual me apaixonei
já tem nos olhos um outro amor.
Restam-me, então, as letras molhadas.
Agora, não pelas emoções, mas pelo sofrimento.
Que já se tornou minha morada
entre as vazões do obscuro e a luz do tormento.