Amor
No início era o chão embaixo do teu corpo que jazia inerte
Cansado depois de um espasmo de prazer, de um amor secular.
E os teus olhos fechados me lembravam uma pequena morte
Um sopro de não-vida após um vulcão de emoções.
No início eu te via simples, tão nu quanto os meus pensamentos,
E o meu seio arfando ainda do esforço doce de amar-te
Subia e descia num ritmo acelerado, lembrando nosso ato anterior
Enquanto minhas mãos ensaiavam um carinho que não se conteve.
No início eu não falava, com medo de despertar um sono tão profundo,
Tão pudico e ao mesmo tempo tão néscio, tão cheio de pecados,
E minhas mãos se prenderam, não conseguiram mais passear
Por teu corpo musculoso e quente, tão quente quanto meu desejo.
Foi assim que o amei; pouco tempo? Um minuto, dois, talvez...
Mas eu o amei. Começou como no fim... displicente e indeciso, inteiro e cartesiano,
Recatado e voraz, volátil e concreto. Impossível de dissimular e mostrar.
Amei depois de ter tido dentro de mim seu eu mais insano. Amei.