DESPOJOS DE UM AFETO
Por total indiferença, acabamos
abandonando em um canto qualquer
os despojos de nosso afeto. Lá ficaram
os sussurros, as nossas madrugadas
festivas, os sorrisos ao vento como
as cenas agora todas mortas...
Imagino que nada trouxemos
a não ser as reminiscências
do princípio de nós dois, e muito
mais do depois sem ninguém...
E o que está sendo pior, é conviver
com o que não existe em um
vácuo tão profundo, onde só
respira-se a recordação...
O tempo esse movimento contínuo
nada faz para amenizar, atualmente
só se preocupa em exibir nossos
fragmentos, quiçá para ampliar
os sofrimentos.
Hoje nada se pode fazer e quando
o amanhã chegar também nada
pode-se esperar, já que o passado
foi lascivo e ladrão pérfido de
dois destinos