ROSAS
ROSAS
Dou-te rosas vermelhas,
Coradas do rubro alvorecer
De uma manhã de sonhos
Ainda pintalgada de estrelas:
Toma, agarra estas flores
Que mais não são do que pétalas
Erguidas de suor e revolta
De esperanças, de lutas!
Acaricia sua côr
Cheira seu perfume
Olha-as com carinho
Toca-as, afaga seu sorriso!
Mas toma cuidado, não machuques
Não oprimas o seu pulsar
Mensageiro de paz e guarida!
Estas rosas são assim
Coradas de vergonha
Porque queriam ser rosadas
Como tua face rubra
De amor e crepúsculos
Afagados na orvalhada da rua!
Toma, são tuas estas rosas
Que me ajudaste a cultivar
Num recanto do jardim
Que não é meu nem teu
É do mundo e das crianças
Que pintam de rosa a vida
Com que me olhas e choras!
São lindas estas flores,
São botões, são brotinhos de vida
São mais que o vento, são a distância
Que separa a terra do mar
O sol da lua, a poesia do sonho!
Roas! Apenas rosas
Vermelhas e meigas
Como os olhos singelos dos meninos
Que na rua perguntam
Ao povo que foge, corredio:
"quer uma rosa?"
Toma, dou-te estas flores
Não as percas, são preciosas
Porque são vermelhas, falam de amor
São rosas!
José Domingos