SORRISO E SONHO
SORRISO E SONHO
Não sei porque sorris se nada te digo!
Nem uma carta, nem uma linha ou uma letra
Escrevi neste querer de quase-poeta
Que quero ser, mas não consigo!
Pergunto-me por entre a gente que cruza a rua
A mesma, aquela... tão despida, tão nua
Que meus passos nela ecoam como num labirinto
De onde quero sair, mas que em mim sinto
No emaranhado de trilhos que vida me deu
E onde busco uma saída para um além, que é meu!
Egoísta? talvez o seja
Mas este ar que me beija
Traz-me alentos sérios ao caminhar
Encostado a meu bordão desgastado
De tanto andar, sem parar esgotado
Da companhia que faz ao meu pensar!
E penso em mim, e naquele e no outro
Caminhos que poderia tomar
Na busca da liberdade de sonhar!
Por vez acaricio meu rosto suado
Que nem sei se é sal, se é pecado
Aquele calor que me afaga
Encorajador da procura incessante
No mais longínquo e distante
Desejo de poder ter um rumo que traga
O meu passo firme e lesto
Que te olha ligeiro, mas que queda de resto
No teu olhar de azul feito mar e vaga!
Não sei porque me sorris se não te canto a ode
O fado, a canção, o samba ou pagode
Nem sei tanger o pequeno tamborim que salta e pula
Dentro do coração, no intimo de mim
Num palpitar descontrolado
Mas não indiferente ao sorrido rasgado
Com que me saúdas, sem nada dizer!
Não sei porque me sorris se nada sou
Ao lado do mundo que ignora o sentimento
Que em mim trago e me sento
Para dedilhar pensamentos e emoções
Que querem conquistar o sol e o vento
Unindo as mãos, fundindo corações!
Não sei porque me sorris mas sei por fim
Que há uma luz que de ti irradia
Sacode o meu ser, entra em mim
E agita o meu eu para gritar
Que vale a pena viver, que vale pena amar!
JOSÉ Domingos