AINDA ESTOU EU CÁ
Minha vila lá no alto,
Está pertinho do céu,
Onde o vento forte sopra,
Rolando folhas ao léu.
Rainha desse planalto,
Do facheiro e xiquexique,
Macambira, sim senhor.
Sobre a sombra do juá,
Trocam juras de amor,
A morena cor de jambo,
O seu nome Açucena.
Era a mais bela morena,
Nos braços de um trovador.
Minha vila, meu Moreno,
Vês que o mundo é pequeno,
Nesta terra, o céu de anil,
Nas noites de estrelas mil
Caminham sob o sereno,
O peito de amor tremendo,
Coração forte a pulsar,
Ver a donzela e lhe diz,
Eu volto pra te buscar,
Desse planalto garboso
De horizonte vistoso,
Pras franjas brancas do mar.
Minha fagueira morena,
Dessa terra tão pequena,
Que sempre hei de amar.
Minha vila, hoje Solânea,
Desta terra continente,
Foi triste quando parti,
Mas hoje volto contente,
A menina cor de jambo,
Por certo, mora por lá,
Quem sabe se de repente,
Não sopra esse vento forte,
Levando-me para o norte...
Que sonho! Ainda estou eu cá.
Rio, 13 de dezembro de 2008
Feitosa dos Santos