Sobre versos

A Beatrice Jasmin

O poema sente

a falta da métrica

do milímetro

atraversado.

Sente tanto

pelo amargor

líquido dos dias,

pela triste rima dos tempos.

E a poesia por vir

roí as unhas

diante das desjardinadas rosas,

da sede desértica.

Imóvel

a mão estanca

os versos,

não ousa deslizar

sobre o papel.

E o poema -

suposta dialética primaveril -

fica entre o dito

e o não dito,

entre a boca calada,

e a voz distante

desconhecida.

E eu,

preso em tuas rimas,

enredado em teus cabelos,

ato-me.

Em desacato a tua carne,

a tua palavra e a tua unha.