DILÚVIO

Nada é mais certo que o certo de suas palavras

altiva voz que desnuda minha morada,

e despe meu corpo lascivamente.

Nada é decerto tão deserto

quanto o meu corpo descrente.

Temido amor descompassado.

Destituído de memória e significado.

Tênue a mortidão de minha hora.

Sinto a perda da paixão indo embora

longe, vaga meu coração.

Olho .

Não vejo

Sinto.

Aproxima-se as gotas do orvalho cântico.

A água que cai dos meus olhos arde o pranto,

sal que escorre salivando, de tortura

n'alma afogando

o sentimento puro.

Contaminado pela dor e o dissabor da despedida.

Faço então de minha vida,

tráfego de calamidades comedidas

deriva em céus de raios trepidantes.

Sim todos nós sabemos

destituídos finalmente de lutas,

naufragos, sobrevivemos

Ao dilúvio de nossas rugas

pelo real amor que tivemos.

Ka Risse
Enviado por Ka Risse em 25/11/2008
Código do texto: T1302676
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