DILÚVIO
Nada é mais certo que o certo de suas palavras
altiva voz que desnuda minha morada,
e despe meu corpo lascivamente.
Nada é decerto tão deserto
quanto o meu corpo descrente.
Temido amor descompassado.
Destituído de memória e significado.
Tênue a mortidão de minha hora.
Sinto a perda da paixão indo embora
longe, vaga meu coração.
Olho .
Não vejo
Sinto.
Aproxima-se as gotas do orvalho cântico.
A água que cai dos meus olhos arde o pranto,
sal que escorre salivando, de tortura
n'alma afogando
o sentimento puro.
Contaminado pela dor e o dissabor da despedida.
Faço então de minha vida,
tráfego de calamidades comedidas
deriva em céus de raios trepidantes.
Sim todos nós sabemos
destituídos finalmente de lutas,
naufragos, sobrevivemos
Ao dilúvio de nossas rugas
pelo real amor que tivemos.