Os espinhos da rosa

Ele experimentou a dor de se espetar
Com os espinhos de uma rosa
Depois de tanto dela cuidar
No seu coração vieram se cravar

Nele se cravaram profundamente
Com a crueldade de um carrasco
Que ao seguir seu macabro enredo
Tornou-se vil algoz de sua alma

A dor a se ver de espinhos cravejado
Foi maior do que dele já foi tirado
Nunca imaginou pela rosa ser ferido
Ficar sem ela já era fato consumado

Dor que invadiu um coração cansado
Já consumido pelas lembranças
Veio a rosa sem porque e por nada
Lançar naquele coração seus espinhos
E os deixar na alma encravados

Ele cuidou tanto daquela rosa
Protegeu-a dos ventos e das tempestades
Do sol e de tantas maldades
Mesmo sabendo que um dia
A rosa viraria simplesmente saudade

Foi seu cravo, seu jasmim
E viu nascer desde botão
Um sentimento dos mais bonitos
Que deixou plantar no jardim do seu coração

O perfume da rosa, que exalava ao vento
Ao lhe embalar suas pétalas formosas
Trazia a ele amor e alento
E nunca aos seus espinhos foi atento

Esqueceu que as rosas têm espinhos
Que elas se desfolham, secam e morrem
Mas os espinhos sobrevivem
Pra lembrar que ali existia uma rosa

Ele jamais vai esquecer
Que em seu jardim cultivou uma rosa
Que se foi mesmo sem morrer
Mas que deixou todos os seus espinhos
Cravados na sua alma

Ele vai aprender a cuidar do que ficou
Não como tentou cuidar da rosa
Mas ao seguir o seu destino
Nunca vai esquecer que no fim só restaram
Os espinhos que a rosa nele deixou



O coração desse jardineiro
Até hoje deixa um rastro pelo caminho
Os espinhos que a rosa nele cravou
Deixaram uma grande ferida
Que nunca mais cicatrizou