Poema 0631 - Sonhos de menino grande
Tirei os sapatos para desvestir a vida,
matei a sede da alma na beira do lago,
mandei ir ao céu um pouco da minha fé,
só o sol não apareceu, não era festa.
Era dia de sombra, colheita de razão,
a lua partiu antes do meio-dia,
levou as nuvens que prometiam chuva,
fiz um desejo quase encantado quando sorri.
Subi as escadas e vi as curvas do horizonte,
também quando o arco-íris brotou na lagoa,
era como a paz no sorriso de uma criança,
as cores separadas se misturavam no meio.
É assim que são meus sonhos de menino,
dois velhos braços que rodeiam um corpo,
as ilusões que norteiam minhas vontades,
o amor que flui pelos poros ainda sedentos.
Fico imóvel por alguns segundos e vou,
separo o carinho que sobrou da dor,
carrego a boca de sorrisos e dou,
viro margem para depois ser leito de amor.
17/03/2006