Ancorados na poesia
Na oração fervorosa dos discípulos fortes
Que rompem dogmas sem temor da morte
Destroçam vis preconceitos com trejeitos
Ancorados na licença divina pelos textos
Almas esbugalhadas, rompantes e atrevidas
Pedem perdão antecipado pelo irrealizado
Ainda no desejo ao culto santo do pecado
Que ronda a esperança do abraço apertado
Porque para pecar... Eles vivem apressados
Não se ocupam de cumprir versículos bíblicos
Redimidos que são por saber doar-se em versos
Adeptos sinceros do perdão sem rezar o terço
Confiantes que o que vale é saber fazer a hora
Ligados em alta voltagem e cabeças aceleradas
Pressentem que o amor é criativo e produtivo
E nesse embalo cheios de energias acumuladas
Não contam com dietas e menos ainda reservas
Vivem do alto consumo que anda descontrolado
Dele tiram frases, verbos, sujeitos, predicados
Criam mundos imaginários e meios alternados
Às vezes pensam e alimentam-se de metáforas
Bebendo a seiva das palavras descompromissadas
Transpiram suas defesas veementes e indignadas
Pedindo licença ao inventor renomado da hipocrisia
Sem suspeitar do que a pitoresca figura pretendia
Assim oferecem suas queixas... Certas ou erradas
Vão de testa sem esconder nada ao olhar a parada
Com os rostos de cristal. Espíritos sutis desenhados
Não controlam o rubor das faces envergonhadas
Escrevem e descrevem pintando caleidoscópios
Nesse fascinante mundo poético eletromagnético
Dueto: Nalva & Hilde
Nalva Ferreira e Hildebrando Menezes