"E O DIA AMANHECEU... EM PAZ"
Um dia ele chegou tão diferente
do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a dum jeito muito mais quente
do que sempre costumava olhar
E não maldisse a vida tanto
quanto era seu jeito de sempre falar
E nem deixou-a a só num canto,
para seu grande espanto
convidou-a pra rodar
Então ela se fez bonita
como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado
cheirando a guardado
de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços
como há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça
foram para a praça
e começaram a se abraçar
E ali dançaram tanta dança
que a vizinhança
toda despertou
E foi tanta felicidade
que toda a cidade
se iluminou
E foram tantos beijos loucos
Tantos gritos roucos
como não se ouviam mais
Que o mundo compreendeu
E o dia amanheceu...
E foram tantos beijos loucos
Tantos gritos roucos
como não se ouviam mais
Que o mundo compreendeu
E o dia amanheceu...
em paz.
Cwb, 12.10.2008, 00:30h
(*) Letra da música VALSINHA, do Chico Buarque e Vincícius, de primo-
rosa poesia, "dedicada a um movimento social dos anos 70 denominado
hippie, pregava a liberdade de ação do indivíduo. Essa prática levava
as pessoas a agirem livremente e sem preconceito no período de re-
pressão do Governo Militar. Normalmente, seus seguidores viviam em grupos, preconizavam o amor, aboliam a discriminação racial e faziam sexo livremente, isento de condenação. A alusão que Chico faz ao movimento é figurada na performance de um casal que, “um dia“, muda a sua conduta e toma outro rumo na vida. A homenagem a esse evento de vanguarda retrata metaforicamente o lirismo vivido por seus integrantes como artifício para fugir da censura política" (Prof. José A.
da Rocha, em sua 'Análise estilística da canção Valsinha de Vinícius e
Chico Buarque', "in" www.mundocultural.com.br/analise/valsinha.PDF).