A Chuva Na Janela
A chuva na janela
refresca e molha o batente
onde encharco as mãos e tateio
um espelho que vem de presente
A chuva bate à janela
e reporta há um tempo tão perto
de cheiro de vida, de gosto feliz
do aroma que vinha de fora
do abraço gostoso que vinha
pra dentro de mim.
A chuva que bate à janela
põe olhos molhados
e sonhos vidrados
para além dessa tela.
Faz brilhos de estrelas
que trazem teu riso
que arranco indeciso
de dentro de mim.
E acabo por vê-la
de um jeito ofuscado
do peito que imita
e chove calado
escorrendo dos olhos
com gosto de sal
um tempo de sol
que segue nublado
cá dentro de mim.