MEU POBRE CORAÇÃO

Meu coração despedaça-se em mil

bocadinhos, quando sem ti.

E até as cores perdem seu sentido,

mais natural, que é o de nos alegrar.

Tudo é disforme, desconexo, inútil.

E nada me ocorre, e, ao fundo, a luz,

parece trapacear de mim, com seus

brilhos bruxuleantes, incoerentes.

Saio à rua, mãos nos bolsos; talvez

o vento no rosto desperte teu senho.

E, por momentos, vejo-te ante mim,

no marulhar da brisa, nas árvores.

Continuo meu caminho, em eterna

recordação, que, por onde eu passe,

logo me lembra tua pessoa, na aragem

que não sossega, na sombra dos gatos.

Paro, por momentos, ante um jardim,

e, com mil cuidados, entro nele, até

minha vista se habituar às diferenças,

e colher a rosa das rosas, a prometida.

Regressado a cada, afrontado pelo frio,

em uma bela jarra, que enchi de água,

lá deposito a rosa colhida, com carinho,

e sento-me expectante, diante da porta.

Quem sabe não virás tu ainda esta noite,

buscar a rosa que te aguarda, tirar-me

desta solidão; dor que potencia, à medida

que o tempo passa, sem que saiba de ti.

Jorge Humberto

28/09/08

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 29/09/2008
Código do texto: T1202444
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.