Falar ou calar?

Algumas vezes na vida,

Preferia calar a falar.

Mas não escondo o que sinto no olhar,

Que me desnuda,

Me revela,

Me torna vulnerável.

Porque o sentimento é inegável

E eu me escondo no silêncio?

Será temor ou egoísmo sem igual?

Ou será normal,

Tentar preservar uma parte de nós,

Que não sabemos mais lidar?

Viver é tão simples,

Mas, ao mesmo tempo,

Tão complicado.

Lidar com o sentir nascente,

Depois de ser sumariamente abandonado,

Não é algo a ser feito num único dia.

Mas apesar do temor,

Apesar do nó na garganta apertado,

Falei através do teclado.

Terá sido mais fácil devido ao anonimato da escrita,

Tão mais impessoal que a fala?

A pergunta ainda martela,

Não se cala...

Falei o que sentia, mas...

Será que deveria ter falado?

Não seria mais simples ter calado,

E posto o sentir nas entrelinhas?

Ah, dúvidas, dúvidas, dúvidas...

Deus, por que me tornei assim?

É como se a minha melhor parte se desgarrasse de mim,

Querendo algo que nem conhece bem.

Será verdade o que dizem,

Além destas terras ocidentais?

Que ao nascer somos destinados a um, nada mais,

E passamos a vida inteira por esse um procurando?

E cá estou eu aqui sonhando...

Tentando ser racional com o que estou sentido.

É quase como ver uma parte de mim se indo,

Num impulso, transmutada em bytes,

Pra não voltar nunca mais.

Nessas horas eu queria desaparecer,

Dormir até me entender.

Como deixei isso acontecer?

Como permiti que meu coração batesse tão rápido,

Que minha boca ficasse seca,

Que meus joelhos tremessem e

Minhas mãos ficassem suadas?

Quando embarquei nessa estranha jornada,

Cujo fim nem imagino?

Seja qual for fim dela,

Não me importa mais.

Voltei a escrever, a sonhar, a sentir...

Ao me emocionar com o pôr do sol

E em ver a lua partir,

No fim da madrugada.

Para onde quer que me leve essa estrada,

Nunca fui tão feliz ou infeliz.

Feliz por redescobrir o mundo, mais uma vez.

Infeliz por não ter certeza de nada.

Para onde me leva essa estrada?

O que pode exigir de mim?

Porque fui alucinar assim,

Ao ponto das palavras serem as únicas confidentes?

O que escrevo agora,

É apenas um breve relato da confusão que toma minha mente.

Estou perdida e, ainda assim, encantada.

Pode a alma de uma poetiza exigir mais nada

Além de que o muso se torne real?

Pro bem ou pro mal...

Eu quero ver até onde isso irá.

Mesmo que eu me perca e não tenha como voltar,

Ao menos, viverei o que sinto agora.

Quer eu fique ou vá embora,

Seja amada ou não,

Vou obedecer meu coração.

E quando enfim chegar a hora,

Se precisar decidir entre ficar e partir,

O meu mundo pode até mesmo cair,

Mas vou me dar uma chance de tentar mudá-lo...

E se minhas mãos tremem pelo que não falo,

Na escrita elas encontram decisão.

Palavras brotam do coração,

Depois de tantos anos calado.

Se acelera toda vez que penso nisso, o safado,

Como se quisesse provar que eu estava errada.

É que, um dia, eu decidi não sentir mais nada,

Mas ele não se contentou com a eterna solidão.

Zannah
Enviado por Zannah em 25/09/2008
Código do texto: T1196605
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